Começamos o mês de março com uma notícia positiva em termos econômicos. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,0% no ano de 2017. Dados pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em valores correntes, o PIB brasileiro foi de R$ 6,6 trilhões. O que realmente isso significa? É realmente positivo esse crescimento de 1%? Para entender, vamos começar com o conceito de PIB. De acordo com Manual de Economia da Universidade de São Paulo (USP), de 2017, Produto Interno Bruto é o índice econômico mais citado, refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico de um país, independente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtoras desses bens e serviços, ou seja, PIB é o produto final e o produto novo, produzido no corrente ano.
As divulgações do percentual do PIB são trimestralmente e, geralmente, os valores divulgados são em reais e em dólares, sendo que, ao divulgar em dólares, permite fazer comparações entre países. Apesar de toda a sua relevância nos debates econômicos, o PIB sofre de problemas consideráveis, como os de interpretação dos dados. O crescimento de 1% não significa que o país está saindo definitivamente de uma recessão. Ao estratificar os dados, percebe-se que o crescimento de 1% está apoiado em sua maioria no agronegócio, influenciado por uma demanda externa favorável da cultura da soja. Entre os fatores temos a demanda chinesa crescente, país mais populoso do mundo com caraterísticas alimentares com base na proteína e no farelo. Outro ponto é a instabilidade climática, de países produtores como a Argentina e o nosso principal concorrente, os Estados Unidos. O agronegócio, sozinho, não vai resolver o problema dos 13 milhões de desempregados que temos atualmente e muito menos das 5 milhões de pessoas que procuram uma vaga, sem encontrar, há um ano ou mais, segundo o mesmo estudo do IBGE que calculou o PIB de 1%.
O agronegócio, como um todo, emprega mão de obra especializada. Cada vez mais o campo busca tecnologia e não mais a mão de obra sem qualificação. O campo se modernizou, se especializou e o funcionário que sai do campo para a cidade sofre com a falta de emprego e qualificação. O crescimento real passaria pelos setores como da indústria. Estagnada em 2017, a indústria não apresenta avanços desde 2013. O setor industrial é fundamental para a recuperação do emprego, principalmente os ligados à construção civil, por empregar desde a mão de obra analfabeta até o curso superior. Em 2017, o setor de serviço avançou 0,3%, previsível pela quantidade de desempregados que temos. Sem uma política de crédito diferenciada, ninguém volta a consumir. De nada adianta o endividado buscar a solução e ter que pagar empréstimos de 5%, 6% e até 12% ao mês. Dívida não gera emprego. O ministro da Fazenda, com intenções explícitas de lançar uma candidatura, logicamente, comemorou o resultado.